No dia 30 de julho de 2021 foi realizada com sucesso a defesa de tese da doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA/UNB) e pesquisadora do NExT/UnB, Grazielle Silva Sucupira.

 

 

 

No dia 30 de julho de 2021 foi realizada com sucesso a defesa de tese da doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA/UNB) e pesquisadora do NExT/UnB, Grazielle Silva Sucupira. A discente foi orientada pelo professor Paulo Henrique Bermejo e teve como título “Análise da Eficiência e do Desempenho Social de Organizações Hospitalares Localizadas em Minas Gerais: Uma Abordagem Quantitativa”.

 

A saúde é uma área estratégica das políticas públicas para qualquer governo e constitui-se num dos maiores desafios da gestão pública. Os hospitais são uma das partes mais complexas e com maior consumo de recursos do sistema de saúde, sendo relevante analisar sua eficiência e como essa se relaciona com as dimensões qualidade e acesso.

 

De forma geral, o conceito de eficiência envolve o uso do mínimo de insumos para produzir um determinado nível de produto ou produzir o máximo possível considerando um determinado nível de insumos. Já as dimensões qualidade e acesso, referem-se respectivamente à capacidade do hospital de fornecer atendimento seguro, apropriado e oportuno a seus pacientes e à possibilidade de utilização do serviço hospitalar sempre que necessário.

 

A pesquisa verificou a relação entre eficiência e desempenho social, que se refere a aspectos de qualidade e acesso, em organizações hospitalares do Estado de Minas Gerais, considerando seu tamanho, ou seja, a quantidade de leitos hospitalares, como também procurou identificar os fatores que influenciam essa eficiência. A metodologia adotada inclui a Análise Envoltória de Dados (DEA) em dois estágios e índice de Malmquist para avaliar a produtividade no setor hospitalar no período de 2017 a 2019. Foram analisados 402 hospitais mineiros classificados como hospitais gerais em cada um dos três anos.

 

De forma geral, os resultados apontaram espaço para melhoria do desempenho dos hospitais, já que apenas cerca de 10% dos hospitais investigados podem ser considerados eficientes nos 3 anos. Verificou-se que os níveis de eficiência dos hospitais analisados não apresentam um comportamento homogêneo, há muitas unidades ineficientes, ou seja, grande parte dos hospitais deveriam promover mais procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos e mais altas hospitalares ao mesmo tempo que reduz a taxa de mortalidade, dados os insumos utilizados.

 

A inclusão de variáveis de qualidade e acesso para reduzir a diferença causada por aspectos não controláveis pelo hospital influenciou os resultados do desempenho. Assim, a média da eficiência dos 402 hospitais aumentou ao considerar esses aspectos que muitas vezes estão fora do controle do hospital, como as variáveis da dimensão acesso relacionadas à quantidade leitos, médicos e enfermeiros por 1000 habitantes da macrorregião de saúde, PIB per capita, taxa de analfabetismo, taxa de natimortos, quantidade de óbitos infantis da macrorregião de saúde. Dentre as variáveis relacionadas à qualidade, incluiu-se a taxa de mortalidade evitável, taxa de septicemia, média de permanência dos pacientes no hospital.

 

Os hospitais foram analisados em conjunto, ou seja, verificou-se o desempenho comparativo dos 402 estabelecimentos (o que foi chamado de Modelo Geral). Depois, os mesmos estabelecimentos também foram divididos em 3 grupos (chamados de Modelo Por Porte) considerando o total de leitos hospitalares, sendo um grupo para os pequenos hospitais (com até 50 leitos); um segundo grupo para os hospitais de médio porte (51 a 150 leitos); e um terceiro grupo com hospitais de grande porte (acima de 151 leitos). A maior diferenciação da eficiência foi verificada quando se comparam os resultados do modelo geral com os resultados dos modelos por porte, indicando a necessidade de considerar as características próprias de cada tamanho de hospital na análise de desempenho e não os considerar comparativamente numa única fronteira de eficiência. As evidências também sugerem que a melhoria da eficiência técnica deve ser seguida, ou espera-se que siga, melhorias em termos de qualidade e/ou acesso aos cuidados de saúde, pois verificou-se aumentos no desempenho para dois grupos (houve melhorias dos pequenos e médios hospitais).

 

Destaca-se também a melhoria na eficiência dos hospitais, especialmente na comparação de 2017 com os anos seguintes. Entre 2018 e 2019 não houve alterações no panorama geral, com desempenho médio muito próximo no biênio. Tal melhoria se deve especialmente aos hospitais de pequeno porte que aumentaram seu desempenho. Em contrapartida, houve deterioração do desempenho médio dos grandes hospitais no período.

 

Dentre as variáveis incluídas na análise dos fatores que influenciam essa eficiência verificada, destaca-se a identificação de que os hospitais sem fins lucrativos são menos eficientes que hospitais públicos; que os hospitais que se localizam no município sede da macrorregião de saúde são mais eficientes que suas contrapartes, enquanto ser um hospital macrorregional tem efeito contrário.

 

Os resultados da pesquisa indicam o desempenho individual de cada um dos 402 hospitais gerais mineiros estudados, apontando quais elementos poderiam ser maximizados ao serem comparados à realidade dos demais hospitais com perfil parecido. Essa é uma das implicações práticas do estudo e que pode ser útil para verificar o desempenho relativo do mesmo e direcionar futuras ações dos gestores.

 

Por fim, ressalta-se que os resultados apontam que as dimensões acesso e qualidade são relevantes para o desempenho hospitalar e devem ser consideradas na formulação de políticas públicas e na estruturação da rede de atenção. Isso é especialmente útil ao considerar o modelo de sistema de saúde brasileiro, que preza pela integralidade e integração.